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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Justa-raiva

O abismo entre o tenho e o quero só aumenta.
Diminui a minha paciência;
Para onde foram meus fins-de-tarde?

Vinte e poucos anos de gestação
Seguidas de complicações deixaram-me viúvo e órfão
Do fruto de minha Cruzada.
Errei por tempo e espaço em vão.

Horizontes se sucedem
Agora tenho paz, à noite.
E todo o resto?
Pra onde foi?

”Fugiu com a alegria do amanhecer!”
Esbofeteou-me a consciência,
Num surto de lucidez
E justa-raiva.

Sei onde encontrá-lo;
É logo ali o seu esconderijo,
Mas a porta está fechada à chave
Sei disso porque fui eu quem fechou.

Pode o vermelho desbotado, rasgado, torturado
Um dia ostentar-se rubro e imponente ainda uma vez?
Depende da química, me diz a lógica
Ou de quantas doses curti na festa de Cronos.

Vamos lá, tudo bem.
Eu só quero esquecer de tudo,
Mas a água do Lete está custando caro,
Então me resta ter pena de mim.

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