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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Protesto contra o protesto

Muito barulho por nada.
Todo ano é a mesma coisa.

Qual o ganho que a sociedade que sustenta a sociedade tem com isso?
O movimento estudantil, com saudade de uma época que não viveu
E só sabe o que foi de ouvir falar,
Acha que protestar contra o aumento das passagens de ônibus é ser politicamente ativo.

Essa forma de protesto, fechar um dos principais corredores de ônibus do Recife,
Angaria a antipatia da classe trabalhadora não-estudante, que,
Percebendo o transtorno causado em seu cotidiano,
Escolhe aceitar o que diz a mídia e achar que é uma ação de vândalos-baderneiros.

Na minha opinião, está tudo errado!

Galerinha pseudo-cara-pintada, acorda!
Pára de fazer do Movimento Estudantil trampolim para uma carreira política!
Quer ganhar muito e trabalhar pouco?
Faz concurso público!

Se vai protestar, esquece um pouco o preço do busão e
Questiona o preço do feijão, da carne, dos livros.
Vai ver o que seus vereadores estão confabulando, vai cobrar deles as suas promessas.
Vai ocupar a Assembleia, a Câmara, a casa do Governador.

Não pensa que o trabalhador é alienado, não.
E se realmente ele for, vai ensinar ele a entender o que você acha que sabe.
Pega a bicicleta, aproveita a geografia e deixa o VEM em casa;
De preferência em cima do Karl Marx que você diz que leu umas dez vezes...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Justa-raiva

O abismo entre o tenho e o quero só aumenta.
Diminui a minha paciência;
Para onde foram meus fins-de-tarde?

Vinte e poucos anos de gestação
Seguidas de complicações deixaram-me viúvo e órfão
Do fruto de minha Cruzada.
Errei por tempo e espaço em vão.

Horizontes se sucedem
Agora tenho paz, à noite.
E todo o resto?
Pra onde foi?

”Fugiu com a alegria do amanhecer!”
Esbofeteou-me a consciência,
Num surto de lucidez
E justa-raiva.

Sei onde encontrá-lo;
É logo ali o seu esconderijo,
Mas a porta está fechada à chave
Sei disso porque fui eu quem fechou.

Pode o vermelho desbotado, rasgado, torturado
Um dia ostentar-se rubro e imponente ainda uma vez?
Depende da química, me diz a lógica
Ou de quantas doses curti na festa de Cronos.

Vamos lá, tudo bem.
Eu só quero esquecer de tudo,
Mas a água do Lete está custando caro,
Então me resta ter pena de mim.
Black

Está tudo bem?
Desejo muito que esteja bem. 
Bem, ao menos um de nós precisa estar.

Desculpa esse meio no meio de uma tarde tão fria, tão cinza
Agora cai a chuva e pela janela já não vejo aqueles tons purpurios. 
Também não vejo como isso pode fazer bem a qualquer um de nós, 
Mas preciso comunicar -- Não era esse o verbo? 

Sei que um dia tudo serão apenas lembranças, 
Mas é que por mais que eu sorria
Encontre pupilas, 
Por mais que eu viva, ainda sinto-me uma lacuna.

Pinturas por fazer, esculturas em busca da forma,
Cinco vezes cinco horizontes girando em torno de um eu
A quem não fui apresentado ainda.

Tudo preto.
Fui eu que mudei ou foi o chão que pisei?
Teus passos quebraram algo aqui em algum lugar
Não sei onde e também não interessa.

Afinal, a alegria está aí -- é Natal? E daí?
Não tenho do que sorrir nem com quem dividir.
E meus pensamentos estão mudando muito rápido
Quantos cacos de vidro estão em meus pulmões?

Do escuro eu já te posso ver;
És fonte de luz, nunca deixastes de ser.
Iluminas um outro céu.