Situado no Bairro do Recife Antigo, o lugar de memória da Justiça de Pernambuco, espaço onde preservação, pesquisa e debate se mesclam para formar um pouco de nossa identidade, presenciou na tarde de hoje interessantes palestras sobre História e documentação em nosso Estado. Contamos com a presença do nosso eterno professor Marcus Carvalho (PPGH – UFPE), de mestrandos em História e Ciência da Informação, e outros alunos da graduação de História.
A despeito das brilhantes falas proferidas por colegas de longa data, como Carlos, Matheus e Lídia, e também por Mônica, nossa colega no PPGCI, trago a nota lamentável da tarde, que, em nada mancha a reputação do Memorial nem da sua atuante coordenadora. Pois bem, nas proximidades dali, recebi, na cara, a cru, a matéria-prima para que pudesse eu descortinar um pouco das minhas crônicas de saudade da época em que era eu graduando – e olha que nem faz tanto tempo.
No meu tempo, os descolados da turma criavam suas panelinhas, e suas fogueirinhas, por motivos banais. Os que tentavam ser aplicados, os mais simples em gestos ou roupas ou os que tivessem uma religião e a levassem mais a sério do que os “não-praticantes” eram hostilizados de modo implícito, sub-reptício. Quando você não agradava a um grupo era só não tentar se enturmar e se houvesse algum problema, alguma discussão era só mandar tomar no cu e pronto, ou não. Não se chamava o “paiê” nem se chamava jagunços ou a polícia ou o advogado! Desconfio muito daqueles que são queridos por todos, afinal a unanimidade é burra, porque não traz discordância, debate, dúvida, enfim, que é o fruto do conhecimento.
Descobri que os novos filhos de Clio – perdoai, oh, deusa, se eu estiver profanando o vosso santo nome em vão! – ainda trazem aquele discurso engajado e marxista, ainda consomem uma moda hippie de protesto – muitos também ainda fazem esse discurso do alto dos seus autos importados, cheirando a novo – mas, diante de um problema, correm pra chamar seus “paiês”. Afinal aquele que carrega um nome ou dois e mais três ou quatro sobrenomes, quando termina de dizer QUEM é, já cansou e humilhou aquele reles mortal a quem se dirige. E nesse caso a direção misturada à prepotência pode ser material perigoso.
Dois carros batem. A culpa é de quem? Ela gritou, esbravejou, chorou, chamou o paiê, que trouxe segurança e chamou a polícia, que autuou. Por fim, perguntaram: você estuda…? Você conhece…? Ah, logo se vê…Desculpe, desculpe… Desculpo sim, mas… Lavei a alma; minha e de milhões de mudos e emudecidos. Estamos vingados. Era maio, não era treze, quem se importa?