“Água!”
“Maaacaxeiiira!”;
“Pernambuco-Diário, Comééércio”
“Olha (Pi)poca, (pi)poca, (pi)poca…”
É assim que a vida ganham;
Os donos dessas vozes
No grito
Na raça
No centro
Na periferia
Anônimos, em uníssono,
Nos fazem relembrar
Pregões de outras épocas
O amolador de tesouras
A lã de barriguda pra travesseiro
(Que fazia medo aos meninos de oitenta anos)
Até a negra do mocotó e lombo
Parece que deu nome a uma ponte
Era negra de ganho?
Ganhou o quê?
Conquistou a alforria com seus quitutes?
Ou acabou embaixo da ponte engordando as carnes do caranguejos?
No Recife de antes
Narrado por Bandeira e Pena Filho
Lembrado por Mário Sette e Josué
Os atores e locutores da rua (dos prazeres e pecados, das bandas e revoluções)
Eram afamados, ilustres, esperados e temidos
A velocidade contemporânea os tornou mais um detalhe
As necessidades antigas e modernas os tornaram pouco criativos
Homogeneizando-os
Homens, mulheres, meninos
Por vezes, são vozes esvaziadas de significação
De poesia, beleza e ousadia
E hoje, o pão de cada dia faz as vezes de alforria
Vozes esvaziadas e, por vezes, embrutecidas, esvaziadas de sentido, desde o próprio ser que as enuncia...
ResponderExcluirE o que fazer?
Quem ou o que mudará esse rumo?
Abraço fraterno.