Vamos refletir um pouco: reivindicamos direitos, questionamos um governo que se diz social, mas não dialoga com o povo, que o mantém domesticado e alienado à frente da TV vestindo camisa amarela.
Estamos nas ruas, e o fazemos sem violência, mas recebemos em troca toda a sorte de agressões e humilhações aplicados por uma polícia arbitrária, truculenta, despreparada, covarde, que, sobretudo os batalhões de choque, reza uma cartilha, há muito mais de 40 anos, da total inobservância aos direitos humanos, aos cidadãos, a quem ela deveria servir.
Não deixaremos as ruas; nos organizaremos para engrossar o coro de reivindicações: não são só vinte centavos, não é só a demora do ônibus e sua superlotação, não é só a alta carga de impostos, não é só a corrupção, não é só o caos na saúde, não é só o desemprego, não é só a humilhação do professor, do motorista de ônibus, do trabalhador em suas mais variadas ocupações e com salários baixos, não é só por que o feijão, o livro e a cerveja estão pela hora da morte, não é só as construções faraônicas de estádios de futebol para um campeonato de futebol, onde a única coisa que interessa é causar boa impressão aos turistas e roubar uns milhões por fora. Trata-se de tudo isso e muito mais (o todo é maior do que a soma de suas partes).
Estou contraditoriamente orgulhoso e envergonhado: o que me entristece e envergonha é ver as ações de bandidos fardados dignas de filmes sobre a Ditadura Civil-Militar dos anos 1970 ou dos excessos dos nazistas. Me entristece ainda mais acompanhar à ausência de posicionamento da nossa presidente (ela mesma que sofreu a inominável ira da repressão de outrora, por que não foi à rede nacional de televisão e rádio repudiar as ações das polícias?). O que me enaltece é saber que vamos lutar contra esse estado de coisas, exigindo sempre o impossível.
Vamos para a rua no dia 20 de junho de 2013? Vamos levar bandeiras brasileiras, flores, cartazes, faixas e a Constituição para lembrar de nossos direitos de estar na rua, de exigir a nossa soberania, de lembrar que vivemos num Estado democrático, que os políticos são os nossos representantes, que a polícia deve, para além de garantir a propriedade privada, proteger os cidadãos, e que essa própria instituição de repressão (a polícia) é composta não por soldados, mas por pessoas, que também têm sido vítimas de um sistema selvagem. Vamos lembrar à todos a letra de nosso hino maior que chama a pátria de gentil e diz que seus filhos jamais fugirão da luta.